O LUGAR DO ENCONTRO: O “EU–TU” EM FRANKENSTEIN, DE GUILLERMO DEL TORO

Autores/as

  • Geraldo Pieroni Autor
  • Alexandre Martins Autor

DOI:

https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-033

Palabras clave:

Alteridade, Encontro, Eu-Tu, Eu-Isso

Resumen

O artigo examina Frankenstein (2024), de Guillermo del Toro, como uma obra que reinscreve o mito de Mary Shelley para refletir sobre técnica, ética e humanidade no contexto pós-humanista. A análise identifica múltiplas camadas, científicas, tecnológicas, simbólicas, psicanalíticas e estéticas, que revelam as tensões entre criação e destruição, autonomia e vulnerabilidade, artifício e compaixão. O filme é interpretado como expressão da busca de sentido do próprio diretor, atravessado pelo luto, pela experiência de orfandade e pela identificação pessoal com a criatura enquanto figura da diferença e do desamparo. O foco central é a dimensão filosófica do encontro, articulada pelas categorias “Eu–Isso” e “Eu–Tu” de Martin Buber, em diálogo com a ética do rosto de Emmanuel Lévinas e com a presença fiel em Gabriel Marcel. Nesse viés, o texto distingue dois modos de relação em Frankenstein: o quase-encontro com Elizabeth, ainda marcado pela objetificação, e o encontro pleno com o velho cego, que acolhe a criatura como presença e não como objeto. Esse momento estabelece a passagem decisiva da criatura do regime do “Isso” ao do “Tu”, constituindo uma epifania da alteridade. Assim, o filme é compreendido como uma meditação estética e existencial sobre a criação, a responsabilidade ética e a emergência do humano no espaço relacional.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Referencias

BACHELARD, Gaston. A terra e os devaneios da vontade: ensaio sobre a imaginação das forças. Trad. Maria José de Almeida. São Paulo: Martins Fontes, 1978.

BASTOS, Nicoly. “Frankenstein”: Guillermo del Toro realiza sonho de infância com novo filme. CNN Brasil, São Paulo, 6 nov. 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/frankenstein-guillermo-del-toro-realiza-sonho-de-infancia-com-novo-filme/. Acesso em: 12 nov. 2025.

BUBER, Martin. Eu e Tu. Trad. Newton Aquiles von Zuben. São Paulo: Moraes, 1977.

CNN BRASIL. Guillermo del Toro fala sobre Frankenstein: “história mais querida”. 2025. Disponível em: [fonte]. Acesso em: 12 nov. 2025.

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mille Plateaux. Paris: Les Éditions de Minuit, 1980.

DEL TORO, Guillermo. Frankenstein [Filme]. México/EUA: Universal Pictures, 2024.

DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1996.

FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido. Petrópolis: Vozes, 1989.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. Valerio Rohden. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

KIERKEGAARD, Søren. Temor e tremor. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

LÉVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito: ensaio sobre a exterioridade. Trad. José Pinto Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 1988.

MARCEL, Gabriel. O mistério do ser. Trad. Antônio da Costa Leal. São Paulo: Duas Cidades, 1963.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos A. Ribeiro Moura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MILTON, John. Paraíso perdido. Trad. Antônio José Lima Leitão. São Paulo: Editora 34, 2020.

NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

PLATÃO. Fédon. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: UFPA, 1997.

Publicado

2025-11-27

Cómo citar

O LUGAR DO ENCONTRO: O “EU–TU” EM FRANKENSTEIN, DE GUILLERMO DEL TORO. (2025). Aurum Editora, 440-454. https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-033