O LUGAR DO ENCONTRO: O “EU–TU” EM FRANKENSTEIN, DE GUILLERMO DEL TORO
DOI:
https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-033Palavras-chave:
Alteridade, Encontro, Eu-Tu, Eu-IssoResumo
O artigo examina Frankenstein (2024), de Guillermo del Toro, como uma obra que reinscreve o mito de Mary Shelley para refletir sobre técnica, ética e humanidade no contexto pós-humanista. A análise identifica múltiplas camadas, científicas, tecnológicas, simbólicas, psicanalíticas e estéticas, que revelam as tensões entre criação e destruição, autonomia e vulnerabilidade, artifício e compaixão. O filme é interpretado como expressão da busca de sentido do próprio diretor, atravessado pelo luto, pela experiência de orfandade e pela identificação pessoal com a criatura enquanto figura da diferença e do desamparo. O foco central é a dimensão filosófica do encontro, articulada pelas categorias “Eu–Isso” e “Eu–Tu” de Martin Buber, em diálogo com a ética do rosto de Emmanuel Lévinas e com a presença fiel em Gabriel Marcel. Nesse viés, o texto distingue dois modos de relação em Frankenstein: o quase-encontro com Elizabeth, ainda marcado pela objetificação, e o encontro pleno com o velho cego, que acolhe a criatura como presença e não como objeto. Esse momento estabelece a passagem decisiva da criatura do regime do “Isso” ao do “Tu”, constituindo uma epifania da alteridade. Assim, o filme é compreendido como uma meditação estética e existencial sobre a criação, a responsabilidade ética e a emergência do humano no espaço relacional.
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