O BATISMO DE JESUS

Resumo

Este trabalho examina o batismo de Jesus no Jordão como o marco inaugural de seu ministério público, articulando dimensões histórico-rituais e teológico-bíblicas. À luz do judaísmo do Segundo Templo, o batismo de João é comparado aos banhos rituais (por exemplo, em Qumran) e ao batismo de prosélitos, destacando distinções em frequência, público e significado: enquanto os banhos eram repetidos e vinculados à pureza, e o batismo de prosélitos à incorporação de gentios ao judaísmo, o rito de João convoca Israel ao arrependimento em vista do reino vindouro. Baseado principalmente em Mateus 3:13-17 (e paralelos em Marcos 1, Lucas 3 e João 1), explora o “cumprimento de toda a justiça”, a representação vicária de Jesus em favor dos pecadores e a recapitulação da história de Israel. Destacam-se a teofania trinitária (céus abertos, Espírito, voz) e os intertextos do Salmo 2 e Isaías 42, que configuram Jesus como o Filho e Servo amado. Conclui-se que o batismo de Jesus não é um rito de purificação pessoal, mas a inauguração pública de sua missão messiânica, antecipando a cruz e a ressurreição e oferecendo chaves para a cristologia e a soteriologia do Novo Testamento.