QUANDO O CORPO HESITA, O MUNDO SE ABRE: FILOSOFIAS DO AFETO ENTRE BERGSON, DELEUZE E O SUL GLOBAL
DOI:
https://doi.org/10.63330/armv1n6-024Palavras-chave:
Afeto, Subjetividade, Filosofia contemporâneaResumo
Este artigo investiga o conceito de afeto nas obras de Henri Bergson e Gilles Deleuze, articulando suas formulações às contribuições de autores brasileiros contemporâneos — Marilena Chauí, Suely Rolnik e Vladimir Safatle. A pesquisa adota abordagem qualitativa, teórica e comparativa, fundamentada na hermenêutica filosófica. Parte-se da hipótese de que o afeto, compreendido como intensidade, variação de potência e acontecimento impessoal, constitui um operador fundamental na crítica à subjetividade moderna e na formulação de alternativas ético-políticas. Em Bergson, o afeto aparece como vibração da duração e hesitação do corpo, sendo inseparável da liberdade e da memória. Em Deleuze, assume a forma de variação de potência entre corpos, desafiando o modelo representacional e inaugurando uma política da criação e da diferença. As abordagens de Chauí, Rolnik e Safatle atualizam e tensionam essas concepções no contexto brasileiro, destacando a dimensão política do afeto como força de servidão ou de libertação, dispositivo de captura ou de resistência, sintoma do sofrimento ou vetor de recomposição coletiva. A análise aponta que o afeto não é um fenômeno subjetivo isolado, mas um campo de forças relacional que atravessa o corpo, o desejo e o tempo, oferecendo caminhos para a reinvenção dos modos de vida. A filosofia dos afetos, assim, torna-se central para pensar as potências críticas e criadoras da experiência contemporânea.
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