IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS CAUSADOS PELA USINA HIDRELÉTRICA DE TELES PIRES: ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DE 2004 A 2024
DOI:
https://doi.org/10.63330/aurumpub.017-008Palavras-chave:
Desterritorialização, Povos Indígenas, Injustiça Ambiental, AmazôniaResumo
A Usina Hidrelétrica de Teles Pires, localizada em Paranaíta – MT, foi construída sob a justificativa de ampliar a matriz energética brasileira, mas seu processo de instalação gerou transformações socioambientais profundas, especialmente para os povos indígenas Apiaká, Kaiabi e Munduruku. Este trabalho teve como objetivo analisar tais impactos, utilizando técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento para avaliar as mudanças na cobertura e uso da terra entre 2004 e 2024. Os resultados quantificaram a formação do reservatório, o alagamento de extensas áreas de floresta, a intensificação da fragmentação vegetal e a consequente desterritorialização das comunidades indígenas, com a perda de acesso a locais sagrados e espaços essenciais para sua reprodução sociocultural. A discussão evidenciou que, embora a energia hidrelétrica seja enquadrada como "limpa", a decomposição da biomassa submersa em reservatórios tropicais gera emissões significativas de gases de efeito estufa. Conclui-se, portanto, que a implantação da UHE Teles Pires exemplifica um modelo de desenvolvimento que concentra benefícios energéticos em centros distantes enquanto impõe custos sociais e ambientais desproporcionais às comunidades locais, configurando um quadro de etnocídio e injustiça ambiental. Diante disso, ressalta-se a urgência de incorporar os direitos dos povos originários e as reais dimensões dos impactos socioambientais no planejamento e licenciamento de grandes empreendimentos na Amazônia.
Downloads
Referências
FÓRUM TELES PIRES (FTP). Barragens e povos indígenas no rio Teles Pires: Características e Consequências de Atropelos no Planejamento, Licenciamento e Implantação das UHEs Teles Pires e São Manoel. Versão Revisada. Brasília, DF; Cuiabá; Alta Floresta, MT, 2017. Disponível em: <https://telespiresresiste.info/wp-content/uploads/2022/08/Dossie%CC%82_Teles_Pires_Final_09jun2017_reduzido.pdf>. Acesso em: 9 jul. 2025.
LINK, R. S.; SOUZA, S. R.; PACHECO, A. Histórias Amazônicas Cruzadas: Anais do VI Seminário Integrado de Ensino e Pesquisa em História e XXVI Semana de História. Porto Velho: Karywa, 2023.
NUNES, C. N. R. et al. Hidrelétricas na Amazônia são fontes de energia limpas? Emissões diretas e indiretas pela mudança de cobertura do solo e emissões de créditos de carbono pela Usina Hidrelétrica Teles Pires. 2018. 104 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1843/47292>. Acesso em: 6 jul. 2025.
SCOLES, R. Caracterização ambiental da bacia do Tapajós. In: ALARCÓN, D. F. et al. (org.). Hidrelétricas, conflitos socioambientais e resistência na bacia do Tapajós. v. 1. Santarém: Editora da Ufopa, 2016. p. 29-42.
SILVA, F. O. Premiações socioambientais e venda de carbono da usina hidrelétrica Teles Pires: O paradoxo do desenvolvimento sustentável. Wamon – Revista dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFAM, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 135-164, 2022. DOI: 10.29327/217579.7.1-7. Disponível em: <https://share.google/5bUffUYeMJeNZ7BlJ> Acesso em: 05 jul. 2025.
SILVEIRA, A. F. et al. (org.). Natureza, povos e sociedade de risco. v. 3. Curitiba: CEPEDIS, 2020.
SOUZA, D. F. et al. UHE Teles Pires: um estudo de caso de geração hidroelétrica na Amazônia. Revista Eletrônica Geoaraguaia, Barra do Garças, MT, v. 6, n. 2, p. 95-111, 2016. Disponível em: < https://share.google/bUNlGT5W55Iw7kFvr> Acesso em: 17 set. 2025.
SOUZA, R. B. de; SOUZA, E. A. de. Impactos Socioambientais das políticas do setor elétrico na Bacia do Rio Teles Pires em Sinop/MT. REVISTA EQUADOR, v. 9, n. 1, p. 334-357, 2020. Disponível em: < https://share.google/cdrxPNeXypBb3V5Nc> Acesso em: 26 out. 2025.
VERDUM, R. As obras de infraestrutura do PAC e os povos indígenas na Amazônia brasileira. Brasília, DF: INESC, 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.