AS UNIVERSIDADES DE ENSINO SUPERIOR E O ACESSO AO MESTRADO E DOUTORADO: A PROMOÇÃO ADEQUADA DE VÍDEOS, DA LÍNGUA DE SINAIS E DA PRIMEIRA LÍNGUA ESCRITA PARA PESSOAS SURDAS
DOI:
https://doi.org/10.63330/armv1n7-015Palavras-chave:
Libras, Primeira língua escrita, Prova em vídeo, Ensino superior, AvaliaçãoResumo
A inclusão acadêmica de estudantes surdos nos programas de mestrado e doutorado no Brasil ainda enfrenta desafios estruturais, especialmente no que diz respeito às barreiras linguísticas. A exigência do domínio do português escrito, língua que para a maioria dos surdos é adquirida tardiamente como segunda língua, dificulta o acesso e a permanência desses estudantes no ensino superior. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida legalmente como primeira língua natural da comunidade surda, é pouco utilizada como meio oficial de avaliação acadêmica, o que limita o pleno desenvolvimento e a participação dos surdos na pós-graduação. Este artigo destaca a importância da inclusão acadêmica efetiva por meio do reconhecimento da Libras como primeira língua escrita da comunidade surda e da adoção de provas em vídeo, realizadas em Libras, como forma de avaliação. Essa prática respeita as características visuais e cognitivas da língua de sinais, permitindo que os estudantes surdos expressem seu conhecimento de maneira mais completa e natural. A inclusão acadêmica, nesse contexto, não se resume à adaptação de recursos, mas implica na valorização do protagonismo dos estudantes surdos, no respeito à cultura surda e na transformação das práticas pedagógicas e avaliativas para garantir igualdade de condições. A implementação de avaliações em Libras representa um passo fundamental para a democratização do acesso aos cursos de mestrado e doutorado, fortalecendo a diversidade e promovendo um ambiente acadêmico mais inclusivo, justo e plural.
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