INFECÇÃO POR Gurltia paralysans EM FELINOS

Resumo

Gurltia paralysans é um nematoide angioneurotrópico da família Angiostrongylidae que parasita felinos domésticos e silvestres, causando uma mielopatia crônica progressiva caracterizada por sinais neurológicos severos. Este parasito tem como nicho preferencial as veias leptomeníngeas da medula espinhal, especialmente nas regiões toracolombares e lombossacrais, onde induz tromboflebite crônica, inflamação granulomatosa e lesões degenerativas na substância branca. Os sinais clínicos predominantes incluem ataxia, paresia dos membros pélvicos, paraplegia, paralisia de cauda e disfunção esfincteriana. Esses sintomas evoluem lentamente e, geralmente, resultam em quadros irreversíveis. O diagnóstico clínico é desafiador e baseia-se na associação entre sinais neurológicos, histórico de exposição a ambientes rurais e exclusão de outras causas de mielopatia. Exames de imagem, como a ressonância magnética, e técnicas moleculares, como a PCR, contribuem para a suspeita diagnóstica, mas a confirmação definitiva só ocorre post mortem, mediante identificação direta do parasito nas veias da medula. A ausência de informações precisas sobre o ciclo biológico do helminto, incluindo seus hospedeiros intermediários, limita estratégias de controle efetivas. A infecção por G. paralysans tem sido reportada com maior frequência na América do Sul, sugerindo subdiagnóstico em regiões endêmicas. O presente trabalho, por meio de uma revisão de literatura, reúne dados atualizados sobre os aspectos morfológicos, clínicos, patológicos e diagnósticos dessa enfermidade emergente. Diante da gravidade do quadro clínico e do provável subdiagnóstico, é fundamental que médicos-veterinários considerem a gurltiose como diagnóstico diferencial em casos de mielopatia crônica progressiva em gatos, especialmente em áreas com presença documentada do parasito.