HERESIES IN THE INQUISITION: FEMALE TRANSGRESSION, WITCHCRAFT AND POWER IN THE RELIGIOUS IMAGINATION
DOI:
https://doi.org/10.63330/armv1n4-008Keywords:
Witchcraft, Inquisition, Liminality, Symbolic violence, Female subversionAbstract
This article analyzes witchcraft as a symbolic mechanism of control within the Portuguese inquisitorial system, focusing on female experience and representations of the heretical body. Based on cases such as that of Úrsula Maria, condemned for demonic rituals, it discusses how inquisitorial discourse transformed popular practices into heresies perceived as threats to sacred and political order. Witchcraft is interpreted as an ontological transgression and a profanation of latria—the exclusive worship due to God—thus constituting a crime of divine lèse-majesté. Victor Turner’s concepts of liminality and communitas are used to understand these women as threshold figures, suspended between worlds. Accused and excluded, they inhabited ambiguous symbolic zones where collective bonds and shared rituals, though repressed, enabled experiences of resistance and belonging. The inquisitorial tribunal functioned as both priest and judge, aiming to restore the violated sacred and impose legitimate meanings of faith. In this sense, inquisitorial action is understood as a form of symbolic violence (Bourdieu), enforcing a worldview through classification, exclusion, and stigmatization. The analysis of inquisitorial discourse and practices reveals how power operated through the control of language, memory, and the collective imagination.
References
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2010.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Tradução de Efraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1982.
DELUMEAU, Jean. O medo no Ocidente: Séculos XIV-XVIII – uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo: uma análise dos conceitos de poluição e tabu. Tradução de Maria Cristina da Costa e Silva. Lisboa: Edições 70, 1991.
DUBY, Georges. Guerriers et paysans. Paris: Gallimard, 1982.
DUBY, Georges. Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos. São Paulo: UNESP, 1982.
ELIADE, Mircea. O mito do eterno retorno: arquétipos e repetição. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
FAVRET-SAADA, Jeanne. Les mots, la mort, les sorts. Paris: Gallimard, 1977.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.
FOUCAULT, Michel. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1975.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. Tradução de Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
GINZBURG, Carlo. Os andarilhos do bem: feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Tradução de Maria Betânia Amoroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: ______. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. Tradução de Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
GIRARD, René. O bode expiatório. São Paulo: Paulus, 2004.
GUI, Bernard. Manual dos Inquisidores. Tradução e introdução de Paulo Rónai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
GUI, Bernardo. Manual dos Inquisidores. Tradução, introdução e notas de José Rivair Macedo. São Paulo: UNESP, 2002.
KRAMER, Heinrich; SPRENGER, Jacob. Malleus Maleficarum: o martelo das feiticeiras. Tradução e apresentação de André Luís Gomes. São Paulo: Cultrix, 2007.
MAZZI, Enzo. Il valore dell’eresia. Roma: Borla, 1974.
MUCHÉMBLED, Robert. Le roi et la sorcière: l'Europe des bûchers (XVe–XVIIIe siècles). Paris: Éditions du Seuil, 1993.
TURNER, Victor. O processo ritual: estrutura e antiestrutura. Tradução de Maria Lúcia Montes. Petrópolis: Vozes, 1974.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Geraldo Pieroni, Alexandre Martins (Autor)

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.