QUANDO O CORPO HESITA, O MUNDO SE ABRE: FILOSOFIAS DO AFETO ENTRE BERGSON, DELEUZE E O SUL GLOBAL

Autores

  • Robson de Sousa Moraes Autor
  • Daniela Martins Botelho Autor

DOI:

https://doi.org/10.63330/armv1n6-024

Palavras-chave:

Afeto, Subjetividade, Filosofia contemporânea

Resumo

Este artigo investiga o conceito de afeto nas obras de Henri Bergson e Gilles Deleuze, articulando suas formulações às contribuições de autores brasileiros contemporâneos — Marilena Chauí, Suely Rolnik e Vladimir Safatle. A pesquisa adota abordagem qualitativa, teórica e comparativa, fundamentada na hermenêutica filosófica. Parte-se da hipótese de que o afeto, compreendido como intensidade, variação de potência e acontecimento impessoal, constitui um operador fundamental na crítica à subjetividade moderna e na formulação de alternativas ético-políticas. Em Bergson, o afeto aparece como vibração da duração e hesitação do corpo, sendo inseparável da liberdade e da memória. Em Deleuze, assume a forma de variação de potência entre corpos, desafiando o modelo representacional e inaugurando uma política da criação e da diferença. As abordagens de Chauí, Rolnik e Safatle atualizam e tensionam essas concepções no contexto brasileiro, destacando a dimensão política do afeto como força de servidão ou de libertação, dispositivo de captura ou de resistência, sintoma do sofrimento ou vetor de recomposição coletiva. A análise aponta que o afeto não é um fenômeno subjetivo isolado, mas um campo de forças relacional que atravessa o corpo, o desejo e o tempo, oferecendo caminhos para a reinvenção dos modos de vida. A filosofia dos afetos, assim, torna-se central para pensar as potências críticas e criadoras da experiência contemporânea.

Referências

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Publicado

2025-09-01

Como Citar

QUANDO O CORPO HESITA, O MUNDO SE ABRE: FILOSOFIAS DO AFETO ENTRE BERGSON, DELEUZE E O SUL GLOBAL. (2025). Aurum Revista Multidisciplinar, 1(6), 339-355. https://doi.org/10.63330/armv1n6-024