MEMÓRIAS E RECONCILIAÇÕES: PORTINARI SOB A LENTE DE WALTER BENJAMIN

Autores

  • Geraldo Pieroni Autor
  • Alexandre Martins Autor

DOI:

https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-006

Palavras-chave:

Walter Benjamin, Cândido Portinari, Filosofia da história, Memória social, Pintura brasileira, Arte e política

Resumo

Este artigo investiga o conceito de "reconciliação alegre" formulado por Walter Benjamin em sua obra “Rua de Mão Única” (1928) e sua aplicabilidade à análise da pintura social brasileira, especificamente nas obras de Cândido Portinari dos anos 1930-1940. A partir da frase "A humanidade deve despedir-se de seu passado reconciliada – e uma forma de reconciliação é a alegria", examinamos como Benjamin propõe uma ética da memória que recusa tanto o esquecimento quanto o ressentimento paralisante. Em seguida, demonstramos como Portinari, em pinturas como Mestiço (1934), Café (1935) e a série Retirantes (1944), elabora pictoricamente uma reconciliação com o passado colonial e as injustiças sociais brasileiras, tornando visíveis os "vencidos da história" sem idealizá-los ou vitimá-los. A análise revela que a alegria benjaminiana não se configura como negação do sofrimento, mas como sua transfiguração dialética: ela acolhe a dor sem suprimi-la, sublimando-a em uma representação que lhe confere dignidade. Nesse horizonte, a alegria se estabelece como categoria simultaneamente filosófica, política e estética, capaz de afirmar a vida em meio às ruínas.

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Publicado

2025-10-10

Como Citar

MEMÓRIAS E RECONCILIAÇÕES: PORTINARI SOB A LENTE DE WALTER BENJAMIN. (2025). Aurum Editora, 66-77. https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-006