TERRITÓRIO, LÍNGUA E EXCLUSÃO: A ESCOLA COMO PALCO IDENTITÁRIA NA PERIFERIA URBANA

Autores

  • Wainy Montalvão de Lima Autor
  • Urya Regina Novaes da Silva Sales Autor
  • Tainara Cristóvão Aguiar Franco Autor
  • Andréia Fátima Angeli Autor
  • Vanessa dos Santos Riella Autor
  • Maxilane Alves Rosa Autor
  • Andé Luiz de Queiroz Oliveira Autor
  • Barbara Sanchotene Torres Autor
  • Meyre de Almeida Autor
  • Cilda Feitoza Amaral Autor
  • Grazieli Borba Dantas Dias Autor
  • Ana Paula Borda Gorges Autor
  • João Mauro Gorges Autor
  • Erisnalva Pereira da Silva Autor

DOI:

https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-005

Palavras-chave:

Território, Linguagem, Exclusão escolar, Identidade, Periferia urbana

Resumo

O presente artigo se propõe a analisar a escola na periferia urbana não apenas como um espaço de ensino-aprendizagem, mas como um palco identitário e um microcosmo onde se manifestam e se reproduzem as tensões sociais, econômicas e culturais da cidade desigual. O estudo investiga a interconexão crítica entre três elementos centrais: o território de origem do estudante, a linguagem por ele utilizada (socioletos e gírias) e os mecanismos de exclusão que atuam no cotidiano escolar, buscando compreender como essa dinâmica molda as identidades dos alunos. A fundamentação teórica mobiliza a Geografia Crítica (Milton Santos, Rogério Haesbaert) para conceituar o território periférico como um espaço de poder e resistência; a Sociologia da Educação (Pierre Bourdieu) para discutir os conceitos de habitus e Capital Linguístico; e a Sociolinguística (Marcos Bagno) para desmistificar o preconceito linguístico como ferramenta de exclusão social. A análise desenvolvida demonstrou que a escola, ao exigir a adesão irrestrita à norma padrão e ao impor um currículo oculto que nega a cultura e a experiência do território periférico, opera uma violência simbólica. O estudante é forçado a negociar uma dupla identidade, onde a correção de sua fala é percebida como uma punição social e a negação de sua origem. O preconceito contra a linguagem e o olhar estereotipado contra o "corpo periférico" contribuem significativamente para o silenciamento e o sentimento de não pertencimento, reforçando a reprodução da desigualdade. Conclui-se que a transformação da escola periférica em um espaço verdadeiramente inclusivo exige o reconhecimento e a legitimação da diversidade territorial e linguística. Isso implica a capacitação de professores como mediadores críticos e a adoção de práticas pedagógicas que utilizem o capital cultural e a voz da periferia como pontos de partida para a emancipação e a afirmação identitária. A luta no palco escolar é, em essência, uma luta pela validade e dignidade da identidade periférica.

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Publicado

2025-10-10

Como Citar

TERRITÓRIO, LÍNGUA E EXCLUSÃO: A ESCOLA COMO PALCO IDENTITÁRIA NA PERIFERIA URBANA. (2025). Aurum Editora, 53-65. https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-005