RAÇA E SEXUALIDADE COMO RUPTURA EM BOM-GRIOULO DE ADOLFO CAMINHA: O AGON DO SUJEITO NEGRO E GAY
DOI:
https://doi.org/10.63330/aurumpub.018-003Palavras-chave:
Literatura naturalista brasileira, Sujeito negro e gay, Homossexualidade, Racismo estrutural, Interseccionalidade, SubalternidadeResumo
O presente artigo analisa Bom-Crioulo (1895), de Adolfo Caminha, considerando a obra como marco na literatura brasileira por sua abordagem inovadora da homossexualidade e das questões raciais no contexto naturalista do século XIX. A pesquisa se debruça sobre a construção do sujeito negro e gay, representado pelo protagonista Amaro, identificando como a narrativa tensiona estereótipos raciais, subverte normas heteronormativas e evidencia o agon do sujeito marginalizado em uma sociedade marcada pelo racismo estrutural e pelo conservadorismo moral. A obra é analisada à luz de teorias críticas sobre raça e sexualidade, incluindo Frantz Fanon, Stuart Hall, Judith Butler e Bell Hooks, bem como estudos sobre literatura naturalista e representações de corpos racializados e LGBTQIA+. A análise demonstra que Caminha, ao humanizar Amaro, transforma o corpo negro e homoerótico em espaço de subjetividade e resistência, rompendo com convenções naturalistas de objetificação e determinismo, e criando uma narrativa que antecipa debates contemporâneos sobre identidade, marginalidade, desejo e poder. O artigo conclui que Bom-Crioulo constitui-se como uma obra de ruptura literária e social, oferecendo uma perspectiva crítica sobre as interseções entre raça, sexualidade e subalternidade, e evidenciando o potencial da literatura como instrumento de reflexão e contestação de normas sociais historicamente excludentes.
Downloads
Referências
BRAGA, Antônio. Naturalismo e sociedade: literatura brasileira no século XIX. São Paulo: Contexto, 2005.
BUTLER, Judith. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge, 1990.
CAMINHA, Adolfo. Bom-Crioulo. 1895. Edição digital/revista crítica: Rio de Janeiro: Lacerda, 2010.
CUNHA, Maria Aparecida. Literatura e marginalidade: representações do negro no naturalismo brasileiro. Belo Horizonte: UFMG, 2015.
FERNANDES, João. Naturalismo e transgressão: corpos, sexualidade e sociedade. São Paulo: Annablume, 2012.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986.
HALL, Stuart. Identidade cultural e juventude. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
HOOKS, Bell. Ain’t I a Woman: Black Women and Feminism. Boston: South End Press, 2003.
PEREIRA, Carla. Representações LGBTQIA+ na literatura brasileira: séculos XIX e XX. São Paulo: Perspectiva, 2018.
REIS, João José. Negros e mestiços na literatura brasileira oitocentista. Rio de Janeiro: FGV, 2009.
TREVISAN, José. História crítica da literatura brasileira: século XIX. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Diego do Carmo , Ana Maria Makoski Zientarski , Daniele Rodrigues Nunes , Nayra de Paiva Oliveira (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.